FALECIMENTO MESTRE CRUZEIRO SEIXAS, DOUTOR HONORIS CAUSA DA UNIVERSIDADE LUSÍADA
O Conselho de Administração da Fundação Minerva e a Reitoria da Universidade Lusíada manifestam o seu grande pesar pelo falecimento de Artur Cruzeiro Seixas, um dos grandes mestres do Surrealismo em Portugal.
Agraciado pela Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão com o título de Doutor Honoris Causa em 2014, Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas, faleceu aos 99 anos de idade, a 8 de novembro de 2020 (3.12.1920-8.11.2020).
Mestre Cruzeiro Seixas, reconhecido artista plástico, um dos expoentes do Movimento Surrealista em Portugal e detentor de um legado inquestionável e reconhecido nacional e internacionalmente, faz parte de um grupo de representantes do Surrealismo Português que incluí nomes como Mário Cesariny e António Maria Lisboa.
“Eu não sou artista. Sou um tipo que faz coisas”, foi assim, com humildade, que o artista Artur Cruzeiro Seixas iniciou a conversa com estudantes e professores da Universidade, a 7 de março de 2014. Nesta conversa, o artista afirmou não ter dúvidas de que “O Surrealismo está vivíssimo. A Arte e o Design inspiram-se no Surrealismo. É uma das grandes forças do futuro, não tem nada a ver com o passado. É o futuro que interessa realmente ao Surrealismo”.
Cruzeiro Seixas, que viveu em Vila Nova de Famalicão, doou em 1999 todo o seu espólio à Fundação Cupertino de Miranda, o que permitiu enriquecer o Centro de Estudos do Surrealismo e a coleção do Museu do Surrealismo.
Em 2015, foi-lhe atribuída a medalha de honra do município de Vila Nova de Famalicão; em 2013, Cruzeiro Seixas foi homenageado com a atribuição do seu nome a uma das principais ruas de acesso ao Parque da Devesa, em Vila Nova de Famalicão.
Em outubro tinha sido distinguido, pelo Presidente da República, com a Medalha de Mérito Cultural, pelo «contributo incontestável para a cultura portuguesa».
“Artur do Cruzeiro Seixas frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, entre 1935 e 1941, participando também dos encontros no Café Hermínius. Tal como os restantes surrealistas sentiu-se atraído pelo Neo-realismo (1945-1946), mas as inquietações plásticas e os desejos de libertação estéticos e ideológicos conduziram-no para o Surrealismo.
Em 1948 toma parte na atividade dos surrealistas, mantendo um continuado contacto com o Mário Cesariny e outros membros do futuro grupo Os Surrealistas, de que é figura importante.
Assumiu o projeto surrealista, desde 1949, e não mais o abandonou até a atualidade, afirmando-se na área do desenho, na qual desenvolveu com grande perícia técnica um universo muito pessoal. Representa, na sua obra, um universo imaginário “estranho e cruel” através de contrastes entre pretos e brancos.
Em 1951 alista-se na marinha mercante, viajando por África, Índia, Extremo Oriente e acaba por fixar-se em Angola até ao desabrochar da guerra colonial. Aqui desenvolve o gosto pela dita “arte primitiva”. Num percurso individual continua até a atualidade a ação surrealista.
Detentor de um acervo pessoal constituído por cartas, postais, cadernos manuscritos, fotografias, desenhos, catálogos, serigrafias, colagens, pinturas, entre outros.”
Fonte: Fundação Cupertino de Miranda
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O corpo estará no Teatro Thalia, em Lisboa, no dia 10 de novembro, entre as 10H30 e as 15H00, e seguirá, posteriormente, para o Cemitério dos Prazeres, numa cerimónia restrita.
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