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Lusíada recebe especialistas em finanças sustentáveis, em conferência internacional organizada pelo COMEGI

Lusíada recebe especialistas em finanças sustentáveis, em conferência internacional organizada pelo COMEGI

actualizado em 13 de Maio de 2024

No dia 03 de maio de 2024, a Universidade Lusíada (Lisboa) recebeu a conferência internacional “Sustainable Finance”, organizada pelo Professor Doutor Álvaro Matiaspela Professora Doutora Isabel Cantista, pela Professora Doutora Isabel Oliveira, investigadores do Centro de Investigação em Organizações, Mercados e Gestão Industrial (COMEGI), e pelo Professor Doutor Theodor Cojoianu, da Business School da University of Edinburgh. Esta conferência contou com o apoio do COMEGI e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).


Na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 realizada em 2012, foi assinada a Declaração do Capital Natural por responsáveis de mais de 40 instituições financeiras, com o compromisso de trabalharem no sentido de integrar critérios de capital natural nos seus produtos e serviços. A União Europeia está consciente de que as alterações climáticas e a degradação ambiental são uma ameaça existencial para a Europa e para o mundo e, por isso, para enfrentar e ultrapassar estes desafios, lançou o Pacto Ecológico Europeu, em 2019. Também o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu criaram, nos últimos anos, um sistema de classificação de atividades económicas ambientalmente sustentáveis para intensificar os investimentos sustentáveis e para combater o branqueamento ecológico de produtos financeiros. Este evento reuniu vários especialistas de renome oriundos do mundo académico, de instituições internacionais, europeias e nacionais, que abordaram alguns destes tópicos.

Na sessão de abertura, o Professor Doutor Luís Valadares Tavares, diretor do COMEGI, deu as boas-vindas a todos os participantes e fez uma apresentação do Centro, realçando a importância que o COMEGI tem dados, nos últimos tempos, a projetos de investigação que possibilitem criar redes de investigação com instituições além-fronteiras. O Professor concluiu afirmando que esta conferência internacional foi pensada para funcionar como um espaço de debate sobre a relação entre duas dimensões de grande relevo nos dias que correm, a dimensão financeira e a dimensão da sustentabilidade. A Professora Doutora Isabel Cantista, diretora do grupo de investigação "Sustentabilidade, Inovação e Empreendedorismodo COMEGI, referiu que o objetivo desta conferência é promover um espaço de partilha de conhecimento no seio universitário que reúna decisores financeiros, académicos, investigadores e interessados da sociedade civil, para debater as finanaças sustentávies, discutir o que tem sido feito até agora, de maneira a estabelecer linhas orientadoras para o que ainda é necessário desenvolver e investigar no futuro.

Professor Doutor Theodor Cojoianu, da Business School da University of Edinburgh, também coorganizador da conferência, académico que tem desenvolvido a sua carreira no estudo das intersecções entre a sustentabilidade, a ciência e as finanças, moderou o primeiro painel dedicado aos temas da Política Financeira Sustentável, Medição de Impacto e Branqueamento Ecológico. Lucía Alessi, líder de equipa na área da investigação financeira no Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia apresentou a estratégia da Comissão de auxílio à transição da economia dita tradicional para uma economia sustentável e apresentou o enquadramento europeu da sustentabilidade financeira, muito baseada no desenvolvimento da Taxonomia Verde. O Professor Doutor Andreas Hoepner da University College Dublin e membro da  EU Platform on Sustainable Finance, veio falar sobre a importância dos capEX como determinantes para se atingir os objetivos ambientais pretendidos numa economia em transição para a sustentabilidade.

Professor Doutor Álvaro Matias, diretor da Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa (FCEE) da Universidade Lusíada (Lisboa), e investigador do COMEGI, apresentou o terceiro keynote speakerCarlos Martins do European Stability Mechanism, entidade cuja missão é ajudar os países europeus a evitar e a ultrapassar crises financeiras, mantendo a estabilidade e prosperidade financeiras. Carlos Martins abordou a questão de que o mundo precisa de uma mudança para o paradigma da sustentabilidade e precisa que a comunidade de investidores faça parte dessa mudança. Como temos vindo a observar, as alterações climáticas (com episódios repentinos e imprevisíveis) afetam o nosso dia a dia e, em, consequência, a economia. Em termos financeiros, as alterações climáticas afetam a perceção do risco e é por isso necessário, a mitigação do risco para existir investimento. A mitigação desse risco passa pelo trabalho que tem sido desenvolvido pelas instituições europeias, como a taxonomia verde. A transição para a sustentabilidade traduz-se, então, em empresas mais verdes: uma empresa verde estará melhor preparada para enfrentar os impactos das alterações climáticas, os riscos ambientais e os riscos da sustentabilidade. A empresa verde, no médio, longo prazo, deverá ter menos risco. O keynote speaker deixou no ar a questão, de como se poderá financiar para a transição, sectores que são mais poluentes, onde essa significará mais custos. Por último, fez uma pequena análise sobre a sustentabilidade financeira das empresas portuguesas.

Professora Isabel Cantista deu início à sessão da tarde, onde moderou uma conversa com Luís Couto da GoParity e com Cristina Casalinho, administradora executiva da Fundação Calouste Gulbenkianque vieram dar o seu contributo sobre a sustentabilidade nas suas organizações. Luís Couto fez uma breve apresentação da GoParity, uma plataforma de crowdfunding de investimentos com impacto, financiamento alternativo a empresas com impacto positivo nas pessoas e no planeta. A GoParity já ajudou muitas empresas em Portugal e no estrangeiro a fazer a transição. Cristina Casalinho falou sobre o plano de ação da Gulbenkian durante os últimos anos e referiu como é que a Fundação alterou o seu core business associado aos combustíveis fósseis para uma organização que depende agora menos de 20% desse sector.

Da parte da academia, o Professor Wenxuan Hou, da University of Edinburgh, diretor-adjunto da revista "British Accounting Review" e editor do "Journal of Chinese Economic and Business Studies", apresentou as tendências atuais de investigação em sustentabilidade financeira e a sua evolução ao longo dos últimos anos. O futuro da investigação nesta área passará pelo estudo da biodiversidade, das finanças e das políticas de carbono.

De seguida, tiveram lugar seis sessões dedicadas a vários quadrantes da sustentabilidade financeira:

  • Sessão 1: "Investment and Sustainability Insights";
  • Sessão 2: "Environmental Disclosure Practices";
  • Sessão 3 (on-line): "Sustainability Reporting and Regulation" ;
  • Sessão 4 (on-line): "ESG Challenges and Crisis Response";
  • Session 5 (on-line): "Financial and Non-financial Reporting and Sustainability";
  • Session 6 (on-line): "Green Finance and Innovation".

Ao encerrar a agenda de trabalhos, houve ainda lugar para um conferência intitulada "Central Banking and Sustainability" a cargo de Clara Raposo, Vice-Governadora do Banco de PortugalClara Raposo começou por referir que a agenda da União Europeia para as finanças sustentáveis tem estado na linha da frente a nível mundial, em termos regulamentares, desde o lançamento do plano de ação para o financiamento do crescimento sustentável em 2018. Esta agenda já estabeleceu pilares significativos como as taxonomias sustentáveis, divulgações, benchamarks, classificações e rotulagem verde. Estes pilares auxiliam os governos a delinear políticas ambientais (policy makers) que depois devem ser implementadas pelas instituições (policy takers) para se atingir ou prosseguir para a transição sustentável. É neste patamar de policy takers, que se encontra o Banco de Portugal, que tem envidado esforços para fazer cumprir a sua missão fundamental de agente responsável pela preservação dos preços e de estabilidade do sistema financeiro português, e ao memso tempo, promover uma transição eficaz de uma economia altamente dependente de carbono para uma economia muito pouco dependente deste. No final da sua intervenção, a Vice-Governadora fez uma rápida apresentação da abordagem do Banco de Portugal à sustentabilidade, que está materializada no documento de nome "Agir pela Sustentabilidade", parte integrante do plano estratégico da instituição para o quadriénio de 2021-2025, estruturada em 3 ações: integrar os riscos ambientais na missão do Banco de Portugal, reforçar os padrões ESG na gestão interna do banco, e promover a consciência ESG dos trabalhadores e interlocutores externos.

A encerrar o evento, a Professora Isabel Cantista voltou a reforçar o sucesso deste dia de partilha de conhecimentos e o desejo do COMEGI em transformar esta conferência internacional numa plataforma facilitadora para investigadores e profissionais que possibilite a discussão e a troca de ideias e experiências. É desejo do COMEGI que esta conferência se torne a realizar e que possua uma periodicidade bienal.







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